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domingo, 19 de dezembro de 2010

A situação financeira dos revoltosos da Galiza

A situação de Paiva Couceiro e dos outros monárquicos na Galiza, também não conhecia grandes momentos sobretudo do ponto de vista financeiro, porque sem o auxilio de D.Manuel, não seria fácil obter o dinheiro suficiente,

Pretendiam os eventuais financiadores a garantia de letras aceites por ele e sacadas pelo Marquês de Soveral, mas que naturalmente trazia a D.Manuel e aos seus conselheiros as maiores dúvidas, para além de tudo o mais a posição do movimento rebelde neutral, no que ao candidato real dizia respeito.

Masmo sob o ponte de vista organizativo, o movimento da Galiza, não oferecia qualquer tipo de garantia, baseando os seus planos em suposições não confirmadas no que aos apoios dizia respeito.

Essas movimentações na Galiza, motivaram os protestos do Ministro dos negócios estrangeiros de Portugal Augusto de Vasconcelos, junto da coroa espanhola, que levaram Afonso XIII a determinar a saida de Couceiro e outras figuras ali refugiadas a abandonar a provincia de Pontevedra. Mero pró-forma diga-se, atendendo à simpatia que alfinso XIII tinha por aquele movimento, apenas levou a alguma rotação entre os locais de permanência.

Entretanto por influencia de Lavradio, em Paris, junto da comunidade monárquica ali residente, conseguiu reunir assinaturas que se responsabilizaria por 100.000 libras, o que era bem insuficiente, atendendo aos planos existentes que passavam pela aquisição de navios de guerra.

De Paris confirmava-se o notícia, que os bamqueiros preferiam, mesmo assim a assinatura de D.Manuel para um empréstimo de 8 milhões de francos, que não estava decididamente interessado em assumir, pelas razões já referidas



sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

As divergências entre monárquicos

A opinião de D.Manuel continuava a ser a de não manifestar publicamente qualquer indicio revelador de manifestação política, no que era seguido por grande parte dos seus amigos atendendo a que a Europa aceitava o actual estado das coisas em Portugal.

Opinião não unânime porque existia outra facção monárquica que considerava haver condições para a restauração monárquica, que representaria o sentimento de grande parte dos oficiais do exército, Esse grupo exigia que o regresso de D.Manuel a Portugal acontecesse só depois de casado, que D.Amélia não voltasse a Portugal sem autorização do futuro Parlamento e que grande parte dos seus amigos fosse substituída.

Os termos destas condições foram transmitidas pessoalmente a D.Manuel, pelo conde de Penela que segundo o testemunho do marquês do Lavradio " estou vendo o rubor de indignação que subiu as faces de el-rei e ainda hoje admiro o seu sangue frio, não pondo o emissário na rua". Mais tarde depois da entrevista, ter-lhe-á dito com lágrimas nos olhos,
"Por este preço nem todas a coroas do Mundo"

Tanto neste post como no anterior se podem constatar as relações difíceis que existiam menos de 6 meses depois da revolução republicana, entre D.Manuel os monárquicos, ou peno menos alguns monárquicos, já que grande parte deles procurava rapidamente acomodar-se na nova estrutura republicana, convertendo-se à causa que afinal nunca abandonaram, a sua própria.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A presença de Paiva Couceiro na Galiza



A figura de Paiva Couceiro foi perante o desenrolar dos acontecimentos, quer durante os dias da revolução republicana, quer nos tempos que se seguiram, a grande figura militar da resistência republicana

O respeito com que foi tratado nos primeiro tempos da Republica que nunca pretendeu antagoniza-lo, por reconhecer o seu passado, não obstante a resistência armada que tentou opor aos revoltosos, não colheu os frutos que o governo provisório pretendia, até que o manifesto que Couceiro entregara ao governo provisório em 18 de Março de 1911 no qual concedia aquele órgão republicano 24 horas para decidir, efectuar um plebiscito nacional para que fosse entregue ao povo a decisão de escolher entre a Monarquia e a República, veio precipitar a rotura dele com o poder Republicano

A decisão do governo de o mandar prender, não foi conseguida, porque avisado a tempo Paiva Couceiro, refugia-se em Vigo na Galiza, para onde embarcou saindo num paquete inglês.

Esta tomada de posição de Couceiro, vem animar não só o grupo de emigrados que lá se encontrava, no sentido de formar um movimento que pudesse provocar um levantamento nacional em Portugal que restaurasse a monarquia, confiantes que uma vez entrado em Portugal, a população os seguiria em massa.


Couceiro porém, passou a considerar que esse movimento que iria entrar em Portugal, se deveria apresentar como um movimento neutro, no sentido em que pensava fazer restaurar a monarquia de acordo com o resultado do plebiscito que ele exigira ao governo provisório.

Parece contraditaria esta posição de Paiva Couceiro, face ao seu arreigado apego à Monarquia, que só se explicará, pelo seu apego ainda maior, à sua própria palavra, pois não devemos esquecer que foi esse o teor da exigência que fizera ao governo provisório, para além do facto de estar absolutamente convencido que a causa monárquica, não deixaria de vencer esse referendo

Contudo esta atitude não agradou a D.Manuel, que pretendia que esse movimento se fizesse em torno da sua própria figura, como rei legítimo de Portugal e não através da eventualidade, do resultado dum referendo.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Aspectos políticos da integração em Richmond

Independentemente das razões de ordem política associada à sua deposição, a verdade é que sob o ponto de vista social a presença de D.Manuel em Inglaterra revestiu-se de enorme êxito, devido ao seu porte. à sua elegância e grande cultura.

O seu amigo, o marquês de Soveral durante muito anos embaixador em Londres, lhe terá facilitado a vida em termos de contactos sociais , devido aos seus multiplos conhecimentos pessoais.

Também é verdade que devido à fixação do rei na zona de Richmond, muitas famílias monárquicas também escolheram a zona como local de exílio, vindo a formar junto do ex-rei, uma pequena corte. o que também ajudava à sua integração possível, embora nunca D.Manuel tenha deixado de manifestar a sua mágoa pela forma como acontecera a sua deposição.

A coroas europeias nunca deixaram de manifestar a sua solidariedade, com diversas mensagens de apoio na hora difícil.

A família real inglesa não esqueceu o facto de, para além da solidariedade que era devida a um dos seus, também o parentesco próximo com D.Manuel, justificar o facto de normalmente o convidarem para as mais variadas cerimónias.

Para além do carácter pessoal deste tipo de convites, também não se lhe pode retirar a carga política desse tratamento que contrastava com o alheamento a que fora votado o representante da República Portuguesa em Londres, Teixeira Gomes.

Entretanto abre-se alguma polémica com os monárquicos, que ficaram em Portugal. Muitos deles rapidamente fizeram a sua conversão ao republicanismo, tornando-se nos propalados "adesivos" e que tanto surpreenderam D. Manuel, pois muitos deles eram tidos como fiéis à causa monárquica.

Também da parte de alguns monárquicos, passou a criticar-se a atitude de D.Manuel em rumar para Gibraltar em vez de ter optado por seguir para o Porto, onde dizem agora, o teriam seguido na resistência.

Chamavam-lhe cobarde por essa atitude, muito embora tivessem vindo a publico declarações de intervinientes directos que na Ericeira testemunharam a vontade do Rei em seguir para o Porto.

Acusavam-no de pactuar com o novo regime, pelo silêncio, mas isso foi uma imposição da diplomacia britânica, que não queria problemas diplomáticos com Portugal, o mesmo acontecendo com o seu tio o Duque de Orleans que quando queria tomar posição política sobre factos da vida francesa atravessava o canal e reunia-se com os seus partidários na Bélgica, nunca o fazendo em solo britânico

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A situação financeira da familia real


Após ter conhecimento da decisão do governo provisório de conceder como pertença da família real o morgadio da casa de Bragança, D.Manuel pediu aos Reis de Espanha e da Grã-Bretanha, para intercederem junto do governo provisório português para que a decisão fosse cumprida.

Foi mandado proceder ao arrolamento dos bens mas também é verdade que o Governo provisório, pretendia que a essa lista fosse acrescentada as dívidas dos adiantamentos feitos à casa real.

Entretanto em Janeiro de 1911, foi concedido a D.Manuel uma pensão mensal de cerca de 1180 libras, sendo-lhe pagos de imediato a contar desde o mês de Outubro do ano anterior, que veio a melhorar a situação financeira de D.Manuel significativamente.

Contudo, diga-se que esta questão dos bens nunca foi completamente resolvida, em parte devido a uma lei que proibia a saída de objectos de arte do País.

Não seria contudo possível a permanência em casa do duque de Orleans e como D.Manuel recusara uma casa que lhe fora oferecida pelo rei Jorge V, foi necessário arranjar uma casa para ele e para sua mãe. A preferência de D.Manuel por uma casa perto de Londres, fez recair a escolha num casa mobilada em Richmond no meio dum pequeno parque

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Os primeiros tempos na Grã-Bretanha


Enquanto decorriam as negociações para o acolhimento da família real portuguesa exilada, que permanecia em Gibraltar.

A 11 de Outubro chega a Gibraltar o cruzador italiano Regina Elena, que acolheria a rainha D.Maria Pia avó de D.Manuel que decidira regressar à sua pátria. No dia 16 embarca para Itália e D.Manuel e seu tio D.Afonso que vira negado pelo governo italiano a possibilidade de acompanhar sua mãe, bem com D.Amélia, embarcam igualmente para Inglaterra, onde chegaria a 19 de Outubro, aportando a Plymouth e seguindo depois para um palácio propriedade do duque de Orleans irmão de D.Amélia e pretendente ao trono francês.

Por razões diplomáticas só no dia 28 de Outubro o rei Jorge V e a sua mulher, visitaram D.Manuel em Woodnorton assim se chamava a propriedade onde se acolhera. A visita fora considerada como particular, portanto sem significado político.

A situação financeira era difícil, apenas dispunha de 20 000 libras resultante dum seguro de vida, que seu pai havia feito, não sabendo se o governo provisório republicano, lhe entregaria o rendimento da casa de Bragança, que havia decretado o banimento da família real, até ao 4º grau, abrangendo com isso o ramo miguelista da família, decidindo também que oportunamente se regularia a situação material da família real exilada.

Poucos dias depois o governo provisório, proclamam os palácios da Ajuda, Necessidades,Belém, Mafra, de Sintra e da Pena, como propriedade nacional, mas deixa os de Vila Viçosa, Bacalhoa e do Alfeite, como propriedade privada da Casa de Bragança, cujos rendimentos pertenceriam ao rei deposto.

Tudo parecia encaminhado para que a situação financeira da família real exilada, tenderia a melhorar, ver-se-á que a habitual burocracia nacional e o tradicional zig-zag político, impedirão a resolução dessa questão

sábado, 23 de outubro de 2010

A família real em Gibraltar


Após a partida da Ericeira o iate D.Amélia, contrariando a vontade de D.Manuel de rumar ao Porto para assumir a liderança da resistência contra a revolta republicana, mas da qual fora dissuadido perante a possibilidade de guerra civil que lhe foi colocada.

O ambiente era tenso e assim permaneceu até à chagada a Gribraltar. Durante a viagem e nas poucas conversas que manteve D.Manuel afirmou não ter sido apanhado de surpresa pelo acontecido, pois esperava que alguma coisa acontecesse.

Chegaram a Gibraltar a 7 de Outubro sendo recebidos pelo governador que se deslocou a bordo e que trazia notícias de Portugal, que não correspondiam aos anseios do rei, que esperava que pelo menos o norte tivesse oferecido resistência. Tal não aconteceu porque o Porto, também tinha aderido à República.

A família real decidiu permanecer no iate, mas D.Manuel escreveu a Jorge V, explicando-lhe as razões porque escolhera Gibraltar ao mesmo tempo que decidiu que não queria mas saudações militares devidas a chefe do Estado, preferindo ser tratado como cidadão vulgar, mandando arrear o pavilhão real.

Entretanto atendendo ao evoluir dos acontecimento, D.Manuel queria era seguir para Londres e devolver o iate a Portugal. Decidiu então aceitar a hospitalidade de Gibraltar, instalando-se no palácio do governador, rumando o iate e a sua tripulação para Portugal.

As negociações com a coroa inglesa prosseguiam então, para que fosse acolhida a família real, porém havia que respeitar as relações entre os 2 países pelo que Jorge V decidiu não enviar nenhum barco de guerra, para os recolher, optando por enviar o seu iate pessoal o Victoria and Albert para os transportar.

Outra questão importante era a da declaração por parte da Inglaterra a reconhecer o novo regime implantado em Portugal, que ficou estabelecido seria feito em curto prazo, dada a aparente irreversibilidade da mudança de regime.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A partida para o exilio


D.Manuel II acaba por deixar o Paço, cedendo à pressão do governo que lhe pede para libertar as tropas que o defendiam e que são necessárias no Rossio e na Rotunda para combater os revoltosos, cedendo também aos apelos da mãe que não estava disposta a perder o filho que lhe resta.

Pensa-se que terão sido esses apelos de D. Amélia que o dissuadiram de vestir o uniforme militar e a colocar-se à frente das tropas.

D. Manuel chega a Mafra sem problemas, mas aí descobre que não tem quem o proteja. Ao final da tarde chegam também a Mafra a rainha D. Amélia e a Rainha D. Maria Pia.

Em Lisboa, no dia 5 de Outubro, um cessar-fogo inesperado provocado pelo encarregado de negócios alemão, precipita os acontecimentos e, na prática, denuncia as fragilidades militares das forças fiéis ao regime.

Em Mafra, o monarca desperta para um país onde se espalham telegramas que anunciam um novo regime e uma nova bandeira.

A cada minuto que passava tornava-se mais embaraçosa a presença da família real em Mafra. A chegada de D.José de Melo, irmão do conde da Sabugosa vindo da Ericeira, trazendo a notícia, que o iate real se encontrava ali fundeado, vindo de Cascais e trazendo o tio do rei D.Afonso.

Sem alternativa, o rei parte então de Mafra para a Ericeira, esboçando o plano de partir para o Porto,do que viria a ser dissuadido

Na praia da Ericeira embarcam então em duas barcas de pescadores, sendo que uma delas se chamava BOM FIM, exactamente aquela onde seguia o rei e que contradizia o momento porque passava

A bordo, o Rei retirou-se para o camarote e numa folha com timbre do iate real escreveu ao presidente do Conselho do seu Governo: «(...) Tenho a convicção de ter sempre cumprido o meu dever de Rei em todas as circunstâncias e de ter posto o meu coração e a minha vida ao serviço do meu País. Espero que ele, convicto dos meus direitos e da minha dedicação, o saberá reconhecer! Viva Portugal! 5 de Outubro de 1910».

A Carta demorou meses e meses para ser conhecida, e foi uma cópia.

Inicialmente o Rei ainda pensou seguir para o Porto e aí reunir-se com os apoiantes do regime, mas perante a incerteza e aconselhado a salvar a família real, dirigiu-se para Gibraltar.

A rainha D. Amélia soluçava e dizia, profética: «Do exílio não se volta

domingo, 10 de outubro de 2010

Marcha da revolução republicana(3ªParte)


  • As forças monárquicas
Não pode dizer-se que as forças militares afectas à monarquia tenham sido apanhadas de surpresa, com o golpe, pois desde 1909 que o chefe do estado maior, José Joaquim de Castro, fora incumbido pelo general Gorjão, de estabelecer um plano de defesa.

Assim logo no dia 3 de Outubro, foram postas de prevenção as unidades militares da região de Lisboa em especial o Paço das Necessidades onde se encontrava o rei.

A Guarda Municipal fora distribuida por vários pontos da cidade em locais estratégicos como a Casa da Moeda a Estação dos Correios do Terreiro do Paço e a residência de Teixeira de Sousa, entre outros locais.

Mesmo com esta estratégia a tarefa não foi fácil, pois a penetração das forças republicanas e carbonárias no exército era grande que se traduziu em inúmeras deserções e alguma dificuldade em agir de forma firme sabendo que do outro lado haveria irmão e amigos.

As tropas estacionada na Rotunda foram atacadas pela bateria móvel de artilharia, estacionada junto da Penitenciaria, que provocou algumas baixas pois nessa altura ainda Machado Santos, não organizara convenientemente as forças fiéis a Republica.

Durante todo o dia 4 esperou-se em vão que tropas fiéis à monarquia chegasse da província, mas como foram entretanto cortadas as comunicações telegráficas, só as primeiras emitidas quando da altura da prevenção, para Santarém, e Tomar, foram recebidas, mas não responderam ao apelo.

  • O 2º banquete oferecido a Hermes da Fonseca
Na sequência da visita do presidente da República do Brasil Hermes da Fonseca, foram oferecido um segundo banquete em sua honra na sala de risco do Arsenal da Marinha, que ficaria na História de Portugal como o momento em que os dirigentes do regime monárquico se aperceberam da agitação revolucionária em Lisboa, abandonando a cerimónia e deixando a refeição a meio.

D.Manuel II regressa ao ao Paço das Necessidades e com ele ficaram algumas individualidades e governantes. Jogavam bridge quando o primeiro tiro de artilharia lhe anunciou o momento há muito esperado. El-rei telefonou para o Palácio da Pena informando D.Amélia e D.Maria Pia, que se confirmavam as suspeitas que o governo há muito alertava.

Entretanto começara a debandada há medida que a revolta ganhava forma e pela madrugada junto do rei só se encontravam o seu ajudante de campo o almirante Brito Capelo, o visconde Asseca e o ministro de Espanha o marquês de Vilalobar.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Marcha da revolução republicana(2ªParte)



  • A tomada do corpo de Marinheiros

As tropas que se sublevaram no inicio comandadas pro Machado Santos, após alguns reencontros com a polícia e outras forças ainda leais à Monarquia acabaram por estacionar e acampar na Rotunda onde chegaram pelas 5 horas da manhã do dia 5 de Outubro.

Outro ponto importante da revolução foi em Alcântara, onde um grupo de comissários e sargentos da Marinha entraram no corpo de Marinheiros onde depois da manietarem os oficiais de dia, acabaram por ocupar aquele aquartelamento militar, importante porque poderiam controlar a eventual saída da cavalaria da Guarda Municipal.

  • A tomada dos navios da Armada

Fundamental também para os revoltosos era o contributo dos navios ancorados no Tejo o Adamastor, o São Rafael e o D.Carlos. O que viria a acontecer pois o tenente Mendes Cabeçadas comunicara entretanto que o Adamastor já se encontrava revoltado e assumira o seu comando.

Do São Rafael, notícias idênticas apenas com o senão que a tripulação esperava um oficial para os comandar mas o certo é que ambos já tinham içado a bandeira republicana.

Do D.Carlos as notícias diziam que o guarnição era composta por republicanos, mas os oficiais se encontravam ainda fiéis à coroa e só depois duma intervenção a partir do São Rafael, comandada por Carlos da Maia, acabaram por subjugar os referidos oficiais.

Com a tomada do D.Carlos concluiu-se o conjunto de unidades em posse dos republicanos, mas a sorte da revolta ainda não estava decidida.

  • O suicídio de Cândido dos Reis (na foto)
A dificuldade de comunicação e as dificuldades inicialmente sentidas pelas forças republicana, levaram a que Cândido dos Reis que aguardava no cais da Viscondesa, conforme o planeado, o embarque para assumir o comando dos navios, face aos acontecimentos imprevistos, ter-se-á convencido que a revolta se malograra, levando-o ao suicídio, tendo sido encontrado morto, numa azinhaga em Arroios

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A Marcha da revolução republicana(1ªParte)



  • O assassinato de Miguel Bombarda

Um possível ataque à Monarquia era esperado a todo o momento pelo governo que na noite de 3 de Outubro dera ordens para que toda as tropas da guarnição de Lisboa, ficassem de prevenção. Acontecem entretanto duas coisas que precipitarão os acontecimentos nos dias seguintes, um deles é o assassinado de Miguel Bombarda, que estava incumbido da distribuição de armas aos grupos civis, na sua qualidade de membro do comité revolucionário e considerado o seu chefe civil.
Foi assassinado no dia 3 de Outubro no seu gabinete por um dos seus doentes, um tenente do exército Aparício Rebello, que sofria de esquizofrenia.

Para a história ficaram as últimas palavras de Miguel Bombarda, que mostram, mesmo
próximo da morte, não só informação como compaixão “Não lhe façam mal. Ele é um doente!”.

  • A oposição de Cândido dos Reis ao adiamento da Revolução
A outra notícia importante foi a informação dada a Cândido dos Reis, de que os navios que estavam no Tejo iriam sair no dia 4. Face a esta notícia os dirigente republicanos reuniram de emergência, para analisar esta situação bem como a notícia da prevenção da guarnição de Lisboa e que levou alguns revoltosos a propor o adiamento da revolução, ao que Cândido dos Reis se opôs veementemente dizendo " A revolução não será adiada, sigam-me se quiserem. Havendo um só que cumpra o seu dever esse único serei eu."

  • As primeiras vitórias
Machado dos Santos alheio à reunião que decorria, mantinha-se emboscado no Centro Republicano Santa Isabel, aguardando a hora marcada para assumir o comando de Infantaria 16 e avançar sobre Artilharia 1.
Aquele quartel sublevara-se então, mesmo antes da chegada dos revoltosos carbonários comandados por Machado Santos e arregimentadas mais 100 praças, avançaram em direcção a Artilharia 1, que foi tomado após a rendição dos seus oficiais, antes da chegada da coluna comandada por Machado Santos.
Dali, após a formação de 2 colunas, dirigem-se para Infantaria 2 e Caçadores 2, que também deveria já a essa hora tomadas por forças fieis ao movimento republicano.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Acontecimentos no ano de 1910(4ª parte)


  • Comemorações da batalha do Buçaco

D. Manuel II presta homenagem à vitória portuguesa na Batalha do Buçaco de 1810, em Setembro de 1910.


Foi assim que no Buçaco o rei teve uma das suas últimas aparições públicas e muito embora a evolução política republicana fosse evidente, o certo é que el-rei foi muito aclamado pelo povo e uma apoteótica recepção pelas forças militares, muito embora também fossem as forças armadas um campo importante de recrutamento para os ideais republicanos.

O recrutamento da maior parte dos oficiais para o campo republicano ficou a dever-se ao vice-almirante Cândido dos Reis a acção conjunta no Comité Militar Republicano com Machado Santos da Carbonária que tornaram possível a infiltração de militares em diversos regimentos militares.

Pairava já no ar o espectro duma revolução, tanto assim que pelo facto de D.Manuel se encontrasse já no Buçaco desde o dia 13 de Setembro, o presidente do Conselho, Teixeira de Sousa, devido aos boatos que circulavam, mandara para aquele local forte contingente militar para assegurar a segurança da comitiva real.


  • Surto grevista dos tanoeiros e corticeiros

Cresce o movimento grevista, que gira designadamente em torno dos operários corticeiros da margem Sul do Tejo e dos trabalhadores da cortiça do Alentejo e do Algarve, exigindo que o governo adoptasse medidas de proibição de exportação da cortiça em bruto, de modo a defender o "trabalho nacional". O governo, depois de algumas actuações contraditorias, cede e adopta medidas proteccionistas. Também os operários tanoeiros marcham sobre o Terreiro do Paço, exigindo protecção alfandegaria. E o governo cede de novo. As paralisações de trabalho alastram por toda a periferia de Lisboa, abarcando novas categorias profissionais, mostrando o amadurecimento das condições sociais para a mudança de regime.

Créditos: Fundação Mário Soares

  • Visita do presidente do Brasil Hermes da Fonseca

No dia 1 de Outubro de 1910, atracou no Tejo, em frente ao Palácio das Necessidades, o navio São Paulo, que trazia a bordo o Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Marechal Hermes da Fonseca. Dia 3 de Outubro, este foi convidado pelo rei D. Manuel para um jantar em sua honra.

Hermes da Fonseca havia assumido a presidência da Republica do Brasil apenas do dia 15 de Novembro


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Abertura das Cortes


A abertura das cortes ocorreu no dia 24 de Setembro com o habitual discurso por D.Manuel II, que anunciava um conjunto de medidas, sobre propostas legislativas a ocorrer que consubstanciavam o programa do governo a apresentar nas câmaras.

Entre as propostas a submeter destaca-se revisão da Carta constitucional a apresentar e que apontava para a reorganização da Câmara dos Pares, a reforma da lei eleitoral, que apontava para a redução dos círculos plurinominais, mais as reformas do Código Administrativo e da Justiça abrangendo o direito comercial e civil e a organização judiciária, também a reforma da administração financeira e da militar.

Enfim um vastíssimo conjunto de reformas que modificariam por certo o País, mas irrealista tendo em conta o cenário da tradição política e da instabilidade, para além das dificuldades financeiras também habituais.

Porém tudo não passou de fantasia, a realidade foi outra porque dois dias depois as cortes foram adiadas para 12 de Dezembro. Para além do ambiente de oposição ao governo nas Câmaras, quer das variadas facções monárquicas, quer da oposição republicana, o clima nas ruas era de tensão esperava-se que "acontecesse qualquer coisa" a todo o momento

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

As eleições de 24 de Agosto


A nomeação do governo de Teixeira de Sousa foi mal recebida por grande parte dos monárquicos que o consideravam demasiado liberal, amigo de dissidentes e de republicanos e que constituíra governo apenas com membros que lhe eram afectos.
Desde logo se formou uma oposição a Teixeira de Sousa fortíssima, sendo certo que nada mais os unia que a oposição a Teixeira de Sousa.

A campanha eleitoral reflectiria isso mesmo já que toda essa oposição monárquica concorreria em lista única que afinal antagonizaria não só o partido do governo como o próprio Rei.

Durante a violenta campanha que se seguiu manifestou-se essa tendência chovendo calúnias sobre o presidente do conselho e sobre a família real, quer da parte do bloco oposicionista monárquico quer dos republicanos

O clima geral também era de desordem generalizada, alimentada por boatos dos mais variadas matizes e intenções.

Mesmo entre os republicanos não há unanimidade, sobretudo entre as facções de Afonso Costa e e Brito Camacho, que como habitual nessa época se consolidavam em torno dos jornais O Mundo e a A Lucta, respectivamente.

As eleições a 24 de Agosto acabaram por revelar o que se previa, a vitória republicana na maioria dos dois círculos de Lisboa e de Setúbal e minoritário em Beja, acabariam por eleger 14 deputados, enquanto o bloco governamental obteve 89 deputados e a oposição monárquica 41.

Esta seria a nova composição da Câmara dos Deputados, mas feitas as contas embora esses números garantissem a maioria naquela câmara, não a conseguiria na Câmara dos Pares, que levaria Teixeira de Sousa a pedir ao rei uma nova fornada de pares, o que viria a acontecer a 17 de Setembro quando foram aprovados pelo Conselho de Estado a nomeação de novos pares do Reino

terça-feira, 27 de julho de 2010

Acontecimentos no ano de 1910(3ª parte)


  • O governo de Teixeira de Sousa
Seguindo a regra, após a queda dum governo progressista, D.Manuel iniciou diligências para a formação dum governo regenerador, porém desde logo este partido pela voz do seu líder anunciou que tal só seria possível após eleições , o que se sabia gorava os intentos do Rei, que queria levar a legislatura até ao fim.

Porém Teixeira de Sousa, o líder regenerador considerou possível apoiar algumas pessoas, na formação dum "governo transitório" até à legislatura seguinte que no seu entender seria de governo do seu partido.

Avançaram inclusivamente com a indicação de alguns nomes possíveis para o cargo de chefe do governo, António de Azevedo, Anselmo de Andrade ou Wenceslau de Lima.

Como nenhum aceitou o rei ainda tentou "convencer" Júlio de Vilhena, que já tinha sido líder regenerador, mas que também recusou.

D.Manuel acaba por compelir Teixeira de Sousa a aceitar o cargo, embora com condições específicas, o ser constituído apenas por regeneradores e a de reunir o conselho de Estado a 27 de Junho, para promover a realização de eleições. O que aconteceu e que por apenas um voto decidiu-se pela dissolução da Câmara e a marcação de eleições para o dia 28 de Agosto.

O governo tinha então a seguinte constituição
  • Presidência e Reino - Teixeira de Sousa;
  • Justiça - Manuel Fratel;
  • Fazenda - Anselmo de Andrade;
  • Guerra - Raposo Botelho;
  • Marinha e Ultramar - Marnoco e Sousa;
  • Estrangeiros - José de Azevedo Castelo Branco;
  • Obras Públicas - Pereira dos Santos

  • Concluída a Proclamação da Implantação da República


O padre Elísio Campos recebe nas "Escolas Móveis" um telegrama do seguinte teor: "Sim vou rápido tarde = João". Com esta mensagem, João de Deus Ramos comunica que Guerra Junqueiro e Sampaio Bruno já concluíram a redacção da Proclamação de implantação da República.

Elísio Campos, capelão no regimento de Artilharia 1, tinha sido, aliás, quem apresentou a Machado Santos no Grémio Lusitano o capitão do mesmo regimento José Afonso Pala, que desempenharia importante papel no desenrolar dos acontecimentos revolucionários.

Créditos : Fundação Mário Soares

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Acontecimentos no ano de 1910(2ª parte)


  • Apreensões reais antes da partida para Inglaterra

Que o rei andava apreensivo com os últimos escandalosos acontecimento, que serviam para abalar a credibilidade da instituição política, fica bem patente na missiva que mandou a Luciano de Castro, solicitando os seus bons ofícios para que "com a sua autoridade, para que os grupos que tem afinidades se unam para levar a bom termo esta Câmara, em vésperas da sua saída para Inglaterra para assistir às exéquias do rei Eduardo VII entretanto falecido.

José Luciano responde-lhe que acompanha as preocupações reais em especial no que à necessidade da vida parlamentar encontrar a normalidade que permita a aprovação de diplomas que permitissem o funcionamento do governo.

Contudo não deixa de sugerir ao Rei, a dissolução do parlamento e a marcação de novas eleições para que todos os partidos mediante acordo , tivessem a sua legitima representatividade.

Em termos práticos era óbvio que Luciano de castro só pretendia a manutenção no poder dos seus amigos políticos e isso não era de todo a tentativa que D.Manuel preconizava.


  • A queda do governo de Veiga Beirão

Enquanto permaneceu na Grã-Bretanha a situação agravou-se de tal modo que quando do seu regresso a 27 de Maio a situação do governo de Veiga Beirão estava completamente insustentável. O primeiro ministro queria a dissolução e o rei de acordo com o que já manifestara a José Luciano, pretendia um acordo partidário, para o funcionamento das Cortes.

Novas irregularidades foram entretanto encontradas no âmbito do caso Crédito Predial, foram feitas prisões e ocorrera o suicídio dum antigo funcionário.

No dia 13 de Junho, D. Manuel não querendo dissolver a Câmara de Deputados, aceita de demissão do governo de Veiga Beirão

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Acontecimentos no ano 1910 (1ºParte)


  • O caso do Crédito Predial Português
Ainda o caso Hilton estava quente, quando no dia 1 de Maio foram reveladas graves irregularidades na Companhia Geral do Crédito Predial Português, pois desde 1905 corriam rumores de falência.

Por aquela instituição tinham passado muitos políticos dos dois partidos monárquicos e que tal como na vida política tinham passado em rotativismo pela direcção daquela instituição.

As irregularidades apontavam para a falência, correspondendo ao facto das verbas do activo não cobrirem o passivo, entre outras questões relacionada com a emissão excessiva de obrigações.

A imprensa, nomeadamente a republicana dava eco à situação. O ministério de Veiga Beirão não estava directamente envolvido apenas o seu ministro da justiça Artur Montenegro, pertencia ao conselho fiscal e até José Luciano de Castro o líder progressista era governador desta instituição bancária.

O guarda-livros Oliveira Quintela acabou por confessar como falsificara as contas do banco, para disfarçar a sua longa decadência, exagerando e emissão obrigacionista e falsificando os próprios resultados, para mascarar prejuízos

Para salvar a instituição agora só restava um empréstimo do Banco de Portugal, mas esse empréstimo acabou por ser negado. O que consistia um grave revés para o governo, atendendo a que a sua constituição fora patrocinado por Luciano de Castro o chefe progressista e também governador do Banco.

Por esta razão o governo não queria que o assunto chegasse ao parlamento na sua reabertura, tentando um acordo entre regeneradores e progressistas, que não viabilizaram o que Veiga Beirão pretendia.


  • Congresso Republicano no Porto

Teve eco na imprensa a realização do congresso ordinário do Partido Republicano na Associação Comercial da cidade do Porto.

Não deixaram de marcar presença José Relvas, Afonso Costa, Eusébio Leão, Duarte Leite, Bernardino Machado, António José de Almeida e Alfredo de Magalhães.

À medida que se acentuam os sintomas duma transformação, tão próxima já, que o velho edifício político se disjunta de momento para momento, crescem de importância as reuniões democráticas desta natureza. (…)
Porquê? É que outrora o Partido Republicano limitava-se a abalar, a bater de frente, a pretender arrasar essa instituição secular que ele sentia ser nefasta ao engrandecimento do País. A sua obra era de destruição, embora em nome da salvação da Pátria portuguesa. (…)
À obra de destruição foi preciso juntar, portanto, a obra de organização partidária, que veio a ser a base da sua acção reconstrutiva. (…)
Estabelecer enfim as bases, por assim dizer, de um Portugal novo é a obra superior dos congressos. O do Porto, que hoje se inaugura tem, por tudo isto, um interesse especial.” Apresentando-se como o “prenúncio feliz da vitória definitiva da Democracia e da Liberdade.”

Assim se referia o O Século nº 10 191, 29 de Abril de 1910, p. 1.

ou ainda

Guerra Junqueiro, que presidiu à sessão de encerramento, resumiu no seu discurso as principais ideias debatidas ao longo do congresso, afirmando que “em Portugal, a questão política é aquela de que dependem todas as outras questões. Só a República pode salvar o País; a monarquia condu-lo totalmente à ruína (...).

Há monarquia e monarquias, como há repúblicas e repúblicas (...).

A nação portuguesa não pode ter esperança na monarquia. Uma monarquia recomenda-se pelas duas dinastias e estas pelo seu valor histórico e pelo seu valor individual. A dinastia que produza uma série de Reis com acção política de benefícios, desperta no país sentimentos de gratidão, e por isso se conserva. A dinastia não dá esse fruto, e a dinastia desaparece. E como é a dinastia actual? A dinastia de Bragança, disse-o Oliveira Martins, é uma dinastia de loucos e de maus. (...) E é por isso que o povo português só pode ter esperança no partido republicano, que não é um partido, mas a aspiração funda da nacionalidade.”


Fonte: O Século nº 10 193, 2 de Maio de 1910, p. 3.

sábado, 10 de julho de 2010

O caso Hilton


Depois da reabertura das cortes, reiniciaram-se os ataques ao governo em especial ao ministro da justiça Artur Montenegro ainda devido ao caso do bispo de Beja e dos irmão Ançã, pelo que as sessões parlamentares se desenrolavam no meio da maior desordem. Só em 14 de Fevereiro é publicado o decreto que confirma a demissão dos irmão Ançã.

A este problemas clericais, vieram juntar-se outros de ordem económica sobre o monopólio da compra do açúcar da Madeira.

Conhecida como a questão Hilton, remontava já a 1895, quando para minimizar efeitos da crise da Madeira o governo decretara por 5 anos que em condições favoráveis, podiam ser importados melaço, açúcar e álcool provenientes daquela região.

O regime manteve-se até 1903, quando as condições foram renegociadas mas que a firma britânica Hilton, monopolista da exploração da cana de açúcar, pretendia que fosse criada uma cláusula que tornasse aquelas medidas válidas por 15 anos.

Em 1904 acabou por ver incluída no orçamento a tal cláusula dos 15 ano, ao que parece de forma não muito transparente.

Em Março de 1909, no ministério de Campos Henriques foi feito um novo regulamento sobre o açúcar da Madeira, que não contemplava o que foram reproduzido em 1904 e que deveria segundo as fábricas Hilton manter-se pelo menos até 1919.

O arrastar da questão começou a levantar junto da imprensa republicana suspeitas de comprometimento e suborno de alguns políticos monárquicos influentes. Em Abril de 1910 já no ministério de Veiga Beirão a oposição regeneradora pôs na câmara dos Deputados uma moção, convidando o governo a suspender o tal regulamento de 1909 e nomear uma comissão para para estudar a questão.

Veiga Beirão não aceita mas endereça o assunto para o rei. No dia 21 de Abril, Afonso Costa, anuncia no parlamento que tem seu poder cartas altamente comprometedoras para o regime e que se propunha lê-las na sessão seguinte.

A essa sessão duma forma muito pouco inteligente o governo de Veiga Beirão não comparece e afinal as cartas não tinham a importância que habilidosamente Afonso Costa lhes dera, mas produzira o seu efeito e por proposta de Egas Moniz, votou-se a realização dum inquérito, que investigasse profundamente toda esta questão do caso Hilton




terça-feira, 6 de julho de 2010

Acontecimentos no ano de 1909(7ª parte)


No regresso das viagens a Inglaterra e a França, ao rei depara-se o agravamento da crise governamental e pelo crescendo da oposição republicana, consubstanciada na vitória conseguida em 122 juntas de paróquia no dia 29 de Novembro e que condicionaram a demissão do governo de Wenceslau de Lima.

Depois de consultar como habitualmente Luciano de Castro, decidiu confiar a chefia do novo governo a Veiga Beirão, que constituiu um governo inteiramente progressista e portanto mais homogéneo do que os anteriores.

Era a seguinte a sua constituição

  • Tenente coronel Francisco Felisberto Dias Costa no reino.
  • Artur Montenegro na justiça.
  • General José Matias Nunes na guerra.
  • Capitão de mar e guerra João António de Azevedo Coutinho na marinha e ultramar.
  • António Eduardo Vilaça nos estrangeiros.
  • José António Moreira Júnior nas obras públicas.
Governo que tomou posse a 22 de Dezembro de 1909 Todos os ministros eram do partido progressista e todos com experiência governativa.

informação recolhida do portal da iscsp.
  • A demissão de Júlio Vilhena

Por não ter sido escolhido, Júlio de Vilhena abandonou a chefia dos regeneradores em 23 de Dezembro.

Esta decisão viria a ter consequências no ano seguinte, provocando uma cisão naquele partido, há muito anunciada mas que tinha agora pretexto para se concretizar. Os membros mais liberais agrupar-se-iam em torno de Teixeira de Sousa, enquanto os mais conservadores davam o seu apoio a Campos Henriques e que naturalmente virá a ser explorado pela propaganda republicana, mostrando a ineficácia e desagregação dos partidos monárquicos.

domingo, 20 de junho de 2010

A viagem a França e os amores com Gaby Deslys



De Inglaterra D.Manuel II seguiu para Paris, numa visita não oficial em que se demoraria 5 dias. Muito embora o carácter particular da visita, não deixou de ser recebido pelo presidente Fallières e pelo presidente do conselho Briand.

Mesmo em França os receios contra eventuais atentados, não cessavam e durante uma recepção à colónia portuguesa o ministro de Portugal em Paris o conde de Santa Rosa, foi informado pela polícia francesa que havia movimentações para um atentado contra a vida do rei, o que pôs fim ao encontro, tendo sido D-Manuel levado para o Hotel Bristol onde estava hospedado.

O interessante nesta viagem foi o facto de el-rei ter conhecido uma actriz e bailarina de nome Gaby Deslys, com quem viria a ter um romance, muito noticiado nas páginas dos jornais e claro muito difundido pelos republicanos.

A verdade é que se constava que D-Manuel lhe oferecia presentes caros, entre eles um colar de pérolas avaliado em 70 mil dólares, entre outros presentes caros.

O encontro dera-se no final dum espectáculo, quando o rei se deslocou ao camarim da actriz e desde essa altura nunca deixou de visitar, como por exemplo no ano seguinte em Maio de 1910 quando no regresso do funeral de Eduardo VII, D. D.Manuel, deu um saltinho a Paris para rever Gaby.

Também constava que ela o visitara algumas vezes e que entre as prendas de luxo constava um automóvel

Eis um pequeno filme contendo a voz de Gaby em duas canções da época. Ela viria a morrer jovem com 38 anos, em 1920, deixando considerável fortuna em testamento aos pobres de Marselha e uma casa entregue a uma instituição de caridade


segunda-feira, 7 de junho de 2010

As viagens a Espanha e Inglaterra



A 7 de Novembro, D.Manuel II, parte em viagem porque decidiu aceitar convites que lhe havia sido endereçado e que para o rei tinham objectivos bastante precisos, nos campos diplomáticos e políticos.

A comitiva real era composta por Carlos Roma du Bocage, Ministro dos Negócios Estrangeiros, por parte do governo e o conde de Sabugosa o mordomo-mor, o ajudante-de-campo, D.Fernando Serpa Pimentel, o secretário, o marquês do Lavradio e o médico Dr. Mello Breyner, conde de Mafra, entre outro staff.

Entretanto em Portugal o seu tio o infante D.Afonso ficou como regente.

Em Madrid foi recebido por Afonso XIII e viria a permanecer por ali durante 4 dias onde para além da parte lúdico-folclórica, D.Manuel não esqueceu os seus objectivos, no sentido de estreitar as relações comerciais entre os dois países, em especial a cortiça

Também a questão do casamento de D.Manuel foi abordada, manifestando Afonso XIII vontade que o casamento do nosso rei aconteça com uma princesa inglesa.

De Espanha a comitiva real partiu para Inglaterra, onde depois do desembarque em Portsmouth e da recepção pulo Príncipe de Gales, partiram para Windsor, onde a comitiva portuguesa foi recebida pelo rei Eduardo VII, pelo governo e pela alta nobreza britânica.

Por entre as festas e recepções e da atribuição da Ordem da Jarreteira ao nosso rei, de novo a questão do casamento veio à tona perfilando-se 3 possíveis noivas, Victória Patrícia filha do influente duque de Connaught, Maud filha do duque de Fife e uma filha do duque de Edimburgo.

Contudo o problema religioso, afastou essa possibilidade, nomeadamente com Maud, com cuja família as negociações estiveram adiantadas.

Os receios era que as suas filhas por força do casamento com um rei católico se vissem constrangidas a abandonar os seus princípios religiosos anglicanos

O Partido Republicano Português a quem desagradavam a mercês que o rei era alvo e também a eventualidade do casamento com uma princesa inglesa, moviam por intermédios das lojas maçónicas no sentido de dificultar essas iniciativas, insistindo na divulgação da ideia das dificuldades da coroa e de Portugal, que conduziriam á sua queda em breve anunciada.


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Acontecimentos no ano de 1909(6ªParte)

  • Outubro,10-Conflito entre o Bispo de Beja e o Ministro da Justiça
O Bispo de Beja, Sebastião Leite de Vasconcelos, demitiu dois professores do Seminário, o padre Manuel Ançã que, por motivos de disciplina, fora suspenso das suas funções de escrivão da Câmara Eclesiástica, e o seu irmão, cónego José Maria Ançã, que o apoiara.

A verdade porém é que para além dos boatos sobre a conduta imoral do cónego o certo é que os problemas do seminário de Bejo já se arrastavam há muitos anos, nomeadamente desde que os irmãos Ançã assumiram funções de reitor e José Manuel de perfeito.

Assumindo a responsabilidade de reestruturação e reabertura do do referido seminário, entretanto encerrado Leite de Vasconcelos, tentou faze-lo, razão porque optou pelo afastamento deles, reabrindo o estabelecimento e só depois viria a informar o governo da sua decisão.

O ministro da Justiça, Francisco José de Medeiros, invocando a prerrogativa da Coroa (lei de 28 de Abril de 1845), segundo a qual o facto devia ter-lhe sido comunicado previamente, exigiu a recondução dos dois professores. O bispo não cedeu, o Governo não quis impor-se e o Ministro pediu a demissão.

O bispo de Beja, nestas circunstâncias invadiu arbitrariamente as prerrogativas do poder civil,segundo opinião do Ministro da Justiça que pretendeu que a lei se cumprisse
mas o Presidente do Conselho e o Rei colocaram se ao lado do Bispo, o que levou ao pedido de demissão do Ministro, substituido então por Artur Montenegro que publicou uma portaria dando razão ao bispo de Beja
  • Decreto que regulamenta as condições de segurança do trabalho na construção civil
A forma que os governos liberais, dessa época tinham de lidar com os antagonismos de classe que opunham patrões e trabalhadores era através do que se chamava "lwgislação social", procurando-se deste modo ir melhorando as condições de vida dos trabalhadores.

O antagonismo entre os partidos socialista e republicano pela captação das simpatias dos trabalhadores, levou a que D.Manuel face ao crescimento do Partido Republicano, tenha pensado que incrementando um pouco mais o seu apoio aos Socialista, desviaria um pouco mais a rescente aproximação daqueles aos republicano.

Assim e a expensas suas chamou a Lisboa o sociólogo Léon Poinsard, para vir observar as condições de vida no nosso país.Os pareceres foram muito negativos.Dizendo coisas como "Portugal está reduzido à falência, acabrunhado sob o peso dum fisco absurdo e mantido numa horrível situação de abandono e de atraso da qual não pode ainda saír, apesar de todos os esforços e sacrifícios de alguns homens de acção.

Foi nesta prespectiva que D.Manuel entendeu sugerir que o governo apoiasse o Congresso Operário de Lisboa e o referido Partido Socialista recentemente reorganizado em torno de Aquiles Monteverde, com quem o próprio Rei inicira correspondência.

Como já anteriormente referi, por outras razões ou pelas "velhas razões" não foi possível encontrar entre as diversas facções "socialista" a unidade requerida no dito Congresso, mas não foi por certo por razões alheias ao dito relatório Poinsard, que o governo intento um eleborar um decreto regulamentador das condições de segurança do trabalho para a indústria da construção civil, porém perante a ameaça de lock-out dos empreiteiros, o governo recuou, suspendendo a medida.

Tal como fora denunciado do referido relatório " a organização política dominada por uma tribo pouco escrupulosa, ávida de poder e proventos que dominava a seu bel-prazer" continuava a justificar o que naquele relatório fora escrito

domingo, 4 de abril de 2010

Acontecimento no ano de 1909(5ªParte)

  • Agosto,2-Grande comício da Junta Liberal entretanto reconstituída
A partir da tomada de posse do governo de Wenceslau de Lima, que a questão religiosa ganhou novo relevo pela actuação do deputado João de Menezes que enviou para a mesa um requerimento onde afirmava desejar interrogar o ministro da Justiça, Francisco de Menezes, acerca do modo como estavam a ser observadas algumas leis que envolviam a Companhia de Jesus num projecto de construção de casas económicas muito querido de D.Manuel II.

A aprovação dessa lei não sossegaria os ânimos, chegando inclusivamente Afonso Costa a pedir a reintrodução das leis de Pombal contra os jesuítas

A Junta Liberal, em reunião decidiu realizar conferências por todo o país, no sentido de realizar uma campanha contra o avanço do clericalismo, iniciada com um comício e cortejo realizados no dia 1 e 2 de Agosto.

Na mesma altura é noticiada outra sessão anticlerical a realizar pelo Grupo Thomaz Cabreira, na qual terá palavra Campos Lima, entre outros, bem como sessões a efectuar nos arredores de Lisboa, organizadas pelo Grémio da Mocidade Liberal, com o mesmo objectivo propagandístico.

  • Agosto,2-Grande manifestação anti-clerical
O comício do dia anterior tivera por objectivo preparar a grande manifestação do dia seguinte, que viria a reunir dezenas de milhar de pessoas, sendo no final aprovado um documento com as seguintes reivindicações :
  • Instituição do registo civil obrigatório
  • abolição do juramento religioso e político e da recitação de orações religiosas em actos da vida civil.
  • promulgação duma lei do divórcio
  • oposição ao decreto de 18 de Abril de 1901 que legalizara as ordens religiosas
  • revogação do decreto sobre a reforma da universidade
  • revogação da lei que favorecia os padres romanos sobre benefícios eclesiásticos
  • reestabelecimento das leis do marquês de Pombal,Joaquim António de Aguiar, José da Silva Carvalho e Anselmo Braancamp, que entre outras coisas, expulsavam os jesuítas, as irmãs da caridade,proibiam as profissões de frade e dissolviam as ordens religiosas, secularização dos cemitérios, para que se pusesse fim à divisão entre católicos e não católicos
  • revogação da lei episcopal que obrigava a pagar aos párocos serviços que ninguém lhe recomendara.
Com este "ligeiro" programa político a manifestação decorreu entre o Largo Camões e o Palácio de São Bento. Com o apoio das organizações políticas republicanas e socialista, maçons e várias associações populares a manifestação contou com cerca de 100.000 manifestantes

sábado, 13 de março de 2010

Acontecimentos no ano de 1909(4ªParte)

  • Julho,7-Ana de Castro Osório e a condição feminina.

Foi publicado no jornal ‘O Século’, um artigo da autoria de Ana de Castro Osório dedicado à questão da condição feminina.

Advogou Ana Osório que a mulher portuguesa trilhara um fértil caminho, saindo progressivamente da sombra em que se achava mergulhada. Cada vez mais consciente do seu lugar e do seu próprio direito, a mulher portuguesa tomava parte activa nos rumos e destinos do País.

A autora explicou ainda que um dos objectivos da recém-criada Liga das Mulheres Portuguesas era, precisamente, consciencializar a mulher acerca dos seus direitos. Adicionalmente, procurava a Liga prover à independência moral e económica das mães portuguesas, apostando na criação de Maternidades, e procurando desenvolver cursos que as capacitassem ao trabalho fora do lar. Destacou, neste contexto, a enfermagem, como sendo uma profissão honesta e útil, à qual se dedicavam já diversas mulheres em vários países.

Fonte: O Século nº 9896, 5 Julho 1909, p. 2.


  • Julho,21- Congresso Nacional Operário
Escassos quatro meses após o congresso de Setúbal do PRP que optara pela solução armada, reúne-se simultaneamente em Lisboa e Porto o Congresso Nacional Operário reunindo, em conjunto, perto de uma centena de estruturas sindicais, mutualistas e políticas.

As divergências já assinaladas conduzem a que as organizações influenciadas em geral pelos anarquistas abandonem o Congresso e realizem uma iniciativa que daria origem a nova reunião em Setembro desse ano.

Pese o agravamento das divisões, a componente de luta reivindicativa manteve-se, mas a situação gerou uma complexa aproximação entre os anarquistas e a Carbonária, não tanto por identidades de orientações político-ideológicos, mas pela proximidade gerada pela apologia do recurso à violência.

(Fonte -o Militante)

  • Julho-Consiglieri Pedroso é eleito presidente da Sociedade de Geografia
O republicano Consiglieri Pedroso é eleito presidente da Sociedade de Geografia de Lisboa, uma importante instituição científica . O movimento republicano tendia a dominar as mais importantes instituições culturais,

A Sociedade de Geografia de Lisboa é uma sociedade científica criada em Lisboa no ano de 1875 com o objectivo de em Portugal promover e auxiliar o estudo e progresso das ciências geográficas e correlativas. A Sociedade foi criada no contexto do movimento europeu de exploração e colonização, dando na sua actividade, desde o início, particular ênfase à exploração do continente africano.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1909 (3ªParte)

  • O governo de Wenceslau de Lima
Que o novo governo de Sebastião Teles não iria ter longa vida, sabia mesmo antes de tomar posse. Logo que se iniciaram as sessões nas Câmaras voltou o alvoroço. O conflito que opusera Caeiro da Mata a Espregueira ainda não terminara, com a maioria que apoiava o governo a exigir explicações ao Regenerador Caeiro da Mata, que se recusava a da-las.

No entretanto mais duelos aconteceram, fazendo com que o alvoroço tomasse grandes proporções e durante 16 dias a Câmara não pode funcionar por falta de quorum e claramente Sebastião Teles não tinha condições para iniciar as suas funções.

de novo o Rei a tentar evitar a dissolução do Parlamento, porque já anteriormente a havia recusados , muito embora desta vez os tumultos tenham sido provocados pela maioria parlamentar.

A decisão a tomar provocou "atritos de opinião" entre o Rei e o velho líder Luciano de Castro, que se acusavam mutuamente de responsabilidade pelas sucessivas quedas de ministérios. Luciano de Castro pretendia a dissolução e o rei considerava um erro oferecer a dissolução ao governo quando este a não tinha pedido.

A opção do Rei pela formação dum governo extra partidário, acabou por vingar. Depois de consultadas várias personalidades, D.Manuel II acaba por nomear Wenseslau de Lima para constituir governo.

Em 14 de Maio o rei deu posse a um novo governo formado por políticos sem filiação partidária, mas que teria nas Câmaras o apoio do bloco regenerador-dissidente.

Foi então assim constituído o governo de Wenceslau de Lima (retirado daqui )

Presidente-Wenceslau de Lima que acumula o reino
  • ·Francisco José de Medeiros, magistrado, na justiça
  • ·Francisco de Paula Azeredo, filho do conde de Samodães, lente da politécnica do Porto e amigo pessoal de Wenceslau, na fazenda
  • ·General Elvas Cardeira na guerra
  • ·Comandante Manuel Terra Pereira Viana, lente da politécnica do Porto e amigo pessoal de Wenceslau, na marinha e ultramar
  • ·Coronel Carlos Roma do Bocage nos estrangeiros
  • ·Coronel Alfredo Barjona de Freitas, ex-governador de Cabo Verde, nas obras públicas
Este governo foi o primeiro formado fora da esfera de influência do Partido Progressista e do seu velho líder Luciano de Castro, para grande satisfação dos seu inimigos, ainda que os seus partidos não estivessem representados no governo.

O que o tramará não serão questões de natureza política, até conseguirá fazer aprovar um orçamento e outras medidas urgentes, mas de natureza religiosa como se verá.

  • Abril, 24 e 25-Congresso do Partido Republicano

Realizou-se em Setúbal, constatando-se o crescimento dos partidários que defendiam uma acção revolucionária, de tal forma que desse congresso saiu um novo Directório a quem foi confiado mandato para essa tarefa.
Os membros efectivos desse Directório foram Teófilo Braga, Basílio Teles, José Relvas, Eusébio Leão e Cupertino Ribeiro. a que foi adstrito um comité revolucionário formado por Afonso Costa, João Chagas, António José de Almeida, e Cândido dos Reis.
Neste congresso e pela primeira vez esteve representada uma organização feminina a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1909 (2ªParte)

  • Março,20-Inauguração do troço de caminhos de ferro entre Livração e Amarante

Em Março de 1905, os Caminhos de Ferro do Estado e a Companhia do Minho e Douro deram início á construção da linha na estação de Livração,

A controvérsia em relação ao traçado e o elevado número de empresas interessadas na sua construção atrasou o arranque das obras, pelo que as mesmas só se iniciaram em 1908.


A Linha do Tâmega foi inaugurada no seu troço inicial entre a estação de Livração e a estação de Amarante a 20 de Março de 1909.A composição do comboio inaugural era constituída por carruagens de 1ª e 3ª classes, um salão, um furgão e dois vagões de carga, rebocados por uma locomotiva a vapor Compound 410, tendo chegado à estação Amarante às 11 horas e 45 minutos.


  • Motins na região do vale do Douro
Registaram-se vários motins na nqaquela região vinícola, que se inseriram no contexto da crise no sector que se vinha acentuando desde o nício do século.
Crise que remontava ao século anterior, devido ao ataque do oídeo e da filoxera, fizera baixar os níveis de produção que ainda se ressentia neste início de século.

Como se pode observar, nestes telegrama noticiosos da época

Correio do Povo, 14 de janeiro de 1909.
Lisboa, 13 – Em Traz-os-Montes, reina grande agitação popular,
devido ao augmento de impostos decretado na ultima lei sobre
vinhos.

Correio do Povo, 26 de janeiro de 1909.
Lisboa, 24 – O commercio está sentindo as graves consequencias
dos boatos alarmistas, espalhados no extrangeiro, sobre a situação
de Portugal. Os jornaes desta capital dizem que os referidos boatos
obedecem a um plano de especulação financeira. O deputado
Rebello telegraphou a el-rei d. Manoel pedindo-lhe para acudir
aos operarios que se acham famintos, devido á crise vinicola
do Douro.

  • A queda do governo de Campos Henriques e a sucessão
Ainda o governo de Campos Henriques não se apresentara às câmaras e já o lider do partido Regenerador Teixeira de Sousa um médico termalista transmontano lhe declarara guerra, o que deixava adivinhar luta intensa depois da abertura do parlamento.

As previsões bateram certas como já atrás referi, quando relatei o episódio do duelo entre Espregueira e Caeiro da Mata que apenas reflectiam a habitual recusa da oposição, em aceitar as propostas do Ministro da Fazenda.

O tumulto era generalizado, com acusações de cisão partidária e de pedidos de inquèrito ao actos do ministério da Fazenda.

Campos Henriques constando a impossibilidade de governar solicita ao rei em 26 de Março a dissolução das Cortes ou a demissão do governo.

Consultados os partidos e analisando as soluções propostas D.Manuel optou por aceitar a demissão do governo, iniciando consultas para a nomeação dum novo presidente do conselho.

Tarefa absolutamente ingrata, para um rei já sem apoios, mas a tentar manter o rigoroso respeito constitucional, do qual havia jurado nunca se afastar.

A maioria parlamentar estava na mão de Luciano de Castro o velho lider Progressista em conjugação com os dissidents do Partido Regenerador e nessas circunstãncias foi possível a 10 de Abril, constituir um gabinete sob a presidência do progresista Sebastião Teles, com dois ministros regeneradores da facção Campos Henriques.

O novo governo não teria longa vida, preconizava-se a sua queda em breve, para alguns 15 dias, enganaram-se viria a durar 27 dias

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1909

  • Fevereiro,18-A inauguração do monumento a Saldanha
Embora não tendo uma relevância especial em termos históricos, pois tratou-se apenas da inauguração de um monumento a realidade é meramente simbólica porque colocou frente a frente pela primeira vez o rei D.Manuel e do presidente da Câmara de Lisboa Anselmo Braamcamp Freire, com quem trocou breves palavras

A autoria da escultura é de Tomás Costa, na presença de familiares de Saldanha de alguns militares que tinha combatido sob as suas ordens , sob a escolta de alunos da Escola de Guerra.




  • Março,10-Duelo entre Caeiro da Matta e o ministro da Fazenda.
As cortes abriram em 1 de Março, no meio dos maiores tumultos e no centro da questão estava naturalmente o ministro das Finanças Espregueira Mendes, que apresentou propostas de lei tendentes a promover a reorganização da Caixa Geral de Depósitos, a conversão da dívida flutuante e um projecto de empréstimo de quatro mil contos, garantido pelo fundo especial dos Caminhos de Ferro do Estado.
Esta última questão era muito complicada, pela crítica à forma como a CGD tinha obtido obrigações a preço inferior ao do público e que o ministro das Finanças não soube explicar.

O tumulto era generalizado mas Caeiro da Matta, deputado pelo círculo de Évora, na lista do Partido Regenerador, em sessão plenária do dia 10 de Março, o acusou de criminoso e de ter cometido uma fraude ao decidir um empréstimo à Companhia Real dos Caminhos-de-Ferro Portugueses, de que fora administrador e a que estava profissionalmente ligado.

Dessa acusação resultou que Manuel Espergueira Mendes e Caeiro da Matta se bateram em duelo.

O duelo decorreu à pistola e foi em Monsanto e como se pode ver na foto o juiz (conde de Penha Garcia) e os quatro padrinhos (conselheiros do reino), preparam as pistolas para os contendores, que até era proibido por lei na tentativa de resolver, de uma vez por todas, as insanáveis querelas parlamentares entre ambos.

Parece no entanto que a pontaria de ambos não era a melhor, porque ninguém se feriu

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A visita de Alfonso XIII a Portugal



A visita do rei de Espanha Alfonso XIII a Portugal entre os dias 12 e 15 de Fevereiro de 1909, trazia de novo para a actualidade a questão das relações internacionais, que um pequeno país extremamente débil, mas dono dum império colonial colossal, logicamente apetecível desde há muito tornava motivo de cobiça.

Desde o reinado de D.Carlos, que a ideia era de fomentar a aproximação ao vizinho ibérico, para que não nos tornasse tão dependentes da asa protectora inglesa, mas esta política deixava antever algumas expectativas, mas também era geradora de grandes animosidades, que a falta de confiança na amizade ibérica salientavam.

A escolha de Vila Viçosa apresentava a característica de constituir um sítio ideal onde ambos os monarcas se poderiam recolher, sem interferências de elementos estranhos ao encontro.

De resto, a natureza da entrevista régia ficou envolta pela indefinição, não sendo conhecidos os objectivos do encontro, as matérias tratadas ou mesmo as suas consequências, se as houve.

Alfonso XIII chegara a Vila Viçosa no dia 12 de Fevereiro, acompanhado duma pequena comitiva, que D.Manuel II retribuiu no que às reduzidas dimensões dos acompanhantes, pois além de sua mãe e de Wenceslau de Lima, contava-se no grupo um pequeno número de dignatários, como os condes de Figueiró o marquês do Faial e o conde de Sabugosa.

Grande celeuma levantaram os republicanos, afirmando que se tratava de selar um acordo ibérico no caso do triunfo duma revolução republicana.

Em última análise, a visita de D. Afonso XIII não traria
qualquer benefício de vulto para o Estado português, alteração de fundo para a conjuntura política nacional ou sequer para o posicionamento de Portugal no concerto das nações europeias no período de Paz Armada.

O que os dois soberanos conversaram, manteve-se sempre secreto. A

única certeza porém foi o convite que à despedida no dia 14 de Fevereiro, que Alfonso XIII fez ao nosso rei para visitar Espanha.


(créditos Teresa Nunes e o seu trabalho sobre esta visita)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O governo de Campos Henriques

Não foram fáceis as diligências de D.Manuel, para encontrar a formula ideal para a constituição do futuro governo do País, sendo que primeiramente havia que encontrar a "filosofia" a seguir entre três hipóteses possíveis. Ministério progressista, regenerador ou de concentração monárquica, eram as possibilidades, acabando por optar por esta última, porque as circunstância a isso o obrigaram.

Demorou uma semana a estabelecer vários contactos com os principais políticos, para encontrar o nome do que viria a ser o chefe do governo. Em correspondência trocada com algumas desse personalidade pode perceber-se a dificuldade da real tarefa. Terá começado por preferir o progressista Veiga Beirão, que recusou a tarefa, assim como o regenerador Castelo Branco. Voltando ao campo progressista na pessoa de Sebastião Teles, que igualmente recusou, proferindo aliás a cáustica afirmação que a queda do Ministério de Ferreira do Amaral tinha acontecido devido a uma conspiração e se lhe sucedesse estaría a pactuar com essa conspiração.

Chegou então a vez de convidar o regenerador Campos Henriques, conseguindo o aval do líder regenerador José Luciano, que encontrou a formula de afrontar Júlio de Vilhena, que se sentiu traído pelo seu amigo Campos Henriques, afirmando depois de se demitir do Conselho de Estado que este governo o ministério dos trinta dinheiros.

O governo presidido por Campos Henriques toma posse no dia 26 de Dezembro de 1908 e tem a seguinte constituição

  • Campos Henriques. em acumulação com a pasta do Reino
  • D. João de Alarcão- Justiça
  • António Cabral- Marinha e Ultramar
  • D. Luís de Castro, conde de Nova Goa- Obras Públicas
  • Sebastião Teles- Guerra
  • Wenceslau de Lima- Estrangeiros.