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sábado, 22 de janeiro de 2011

O Pacto de Dover

Logo que se soube das intenções de reconciliação dos dois ramos da casa de Bragança, estalou de imediato a polémica sobre se D.Miguel renunciaria aos seus direitos o que levou a que este fizesse o respectivo esclarecimento dizendo, que poria de lado os seus direitos e dos seus filhos e perante a actual situação que se vivia no País, reconheceria D.Manuel como rei de Portugal, garantindo lhe a sua lealdade e renunciando a qualquer tipo de posto remunerativo, mas apenas desejava que D.Manuel reconhecesse o direito à sucessão depois da linha de D.Manuel.

Este foi o teor duma missiva que D.Miguel tinha mandado ao rei D.Manuel com data de 15 de Março de 1909,mas como nessa altura o partido Progressista se opusera, obrigara o rei a considerar essa proposta do seu primo inoportuna.

Porém depois do falhanço da primeira incursão e perante as tentativas de Couceiro, de encontrar um entendimento entre os dois ramos da família, o certo é que D.Miguel, já não defendia os mesmos pontos de vista que havia defendido em 1909 voltando a reclamar os seus direitos ao trono de Portugal.

Os negociadores de ambos bem procuravam encontrar um ponto de entendimento incluindo o de adiarem para depois do eventual derrube da Republica, a decisão sobre a legitimidade ao trono de Portugal.

Não sendo possível rubricar nenhum acordo prévio, foi decidido promover um encontro entre ambos em Dover no dia 30 de Janeiro de 1912, no Lord Warden Hotel de Dover, Inglaterra, entre D. Miguel de Bragança, representado por Paiva Couceiro, e D. Manuel II, cujo representante foi D. João de Almeida em que trocariam cartas protocolarmente fechadas.

Logo que no regresso a Londres, D.Manuel abriu a carta que D.Miguel lhe entregara, ficou desde logo ciente da impossibilidade de entendimento, dado que na mesma D.Miguel reafirmava de novo as suas pretensões e dos seus descendentes ao trono de Portugal e que levaria D.Manuel logo no dia 1 de Fevereiro seguinte após z missa por alma de D.Carlos e de seu irmão a considerar, que tinha sido traído na sua boa fé, pois o texto que recebera era diferente da minuta combinada e que recorda-se tinha sido a seguinte



Convencidos de que as dolorosas circunstâncias que Portugal no momento atravessa requerem, de todos os Portugueses de boa vontade, a conjugação de esforços no ideal único da salvação da Pátria:

E querendo, pela Nossa parte, concorrer com o exemplo de actos efectivos para formar a cimentação desse espírito, construtivo e desinteressado, de união e de concórdia;

Tratámos e convencionámos, sob reserva de futuras e definitivas resoluções pelo poder competente das Cortes, um entendimento, nos seguintes termos gerais:

1º. - O direito d' El-Rei D. Manuel ao trono de Portugal é reconhecido pelo Senhor D. Miguel de Bragança e Sua Família;

2º. - No caso de faltar El-Rei D. Manuel e Sua Sucessão, e S. A. R. o Príncipe D. Afonso e Sua Sucessão - o direito ao trono de Portugal pertencerá a S. A. o Infante D. Duarte, filho terceiro do Senhor D. Miguel;

3º. - São restituídos ao Senhor D. Miguel, Sua Família, os direitos de Portugueses.

4º. - São restituídos ao Senhor D. Miguel, Sua Família e seus Partidários, o gozo, na forma que se tratar, das suas honras e títulos, sob a cláusula única de que essa restituição não importe encargos para o Tesouro Público.''


domingo, 16 de janeiro de 2011

Acontecimento no ano de 1911

  • A primeira incursão monárquica

Apesar da apreensão face ao êxito da incursão que se preparava, D.Manuel não deixou de enviar uma proclamação a Paiva Couceiro, lamentando não poder estar presente, mas o "seu coração de português e amante do seu País estava com eles". Que Deus proteja a nossa Santa Causa e mais uma vez abençoe a bandeira das Quinas e aqueles que sob ela vão combater pela Pátria e pelo Rei.

Como referi anteriormente a incursão de Couceiro, entrando em Portugal por Cova de Lua, Espinhosela e Vinhais, onde foi hasteada na varanda da Câmara Municipal a bandeira azul e branca, e tomam Chaves.

Três dias mais tarde, derrotadas pelas forças republicanas, as tropas de Paiva Couceiro retiram-se para a Galiza.

O que ficava patente era que D.Manuel apoiava Couceiro, mas este revés veio acabar com as poucas esperanças que depositava na reposição monárquica, Couceiro porém não estaria disposto a aceitar esse revez como definitivo

  • Acordo entre D.Manuel e Paiva Couceiro

Recorde-se agora que desde a aventura miguelista que a família real estava separada, contudo desde o regicídio em 1908, alguma aproximação tinha havido, devido à apresentação das condolências por parte dos "miguelistas".

Ora Couceiro face ao malogro da primeira incursão entende que a repetição de eventual incursão só seria possível com a reunião de TODOS os monárquicos.

Porém a D.Manuel não pode colocar-se a questão plebiscitaria acerca do trono pois como rei aclamado de Portugal, não poderia aceitar qualquer outra situação que não fosse a sua nova aclamação, face a eventual restauração.

Na sequência dessa situação, cada oficial presente na Galiza, escreveu uma carta em que se declarava pela monarquia constitucional, o que significava fidelidade ao rei D.Manuel e a Paiva Couceiro enquanto comandante chefe da revolta.

Todas essa cartas foram enviadas a D.Manuel que pediu a comparência de Couceiro em Richmond e da conferência entre ambos resultou o abandono pela parte de Couceiro, da sua posição política plebiscitaria, mas em contra partida Couceiro conseguiu que D.Manuel concordasse com o prosseguimento dum entendimento com os seus primos miguelistas.




domingo, 2 de janeiro de 2011

Os planos para a insureição monárquica

  • A tentativa de compra do vapor Gemma

Ainda durante o mês de Junho a chamada comissão de Paris, conseguiu concluir um contrato para venda de armas, que rumaria à Galiza no vapor "Gemma", que transportaria 300 toneladas de armas da Alemanha para os realistas portugueses sediados na Galiza.

No dia 12 o vapor chegava a Vila Garcia, transportando 4 canhões Krupp, 1000 granadas de mão, 200 caixas de espingardas e 4000 balas. Como não havia ninguém para receber as armas o Gemma desembarcou algumas caixas largando para o mar.

Mas essa carga desembarcada acabou por ser interceptado e a carga apreendida, após denúncia de republicanos locais. Enquanto isso a empresa proprietária do navio começou a pedir uma indemnização por cada dia de demora na entrega das armas, ameaçando retirar com o resto da carga.

Couceiro reclama a compra do navio, garantindo que com ele o bom êxito da incursão monárquica a Portugal, apoiada pelos seiscentos ou setecentos homens que dizia ter na Galiza

Tal nunca viria a acontecer, acabando o navio por ser aprisionado pois continuava ao largo da Galiza à espera de melhores dias.

Entretanto D.Manuel continuava a ser pressionado para ajudar monetariamente o movimento monárquico, vindo a contribuir em Agosto com 10 000 libras a pedido de Mário Pinheiro Chagas, mas impondo condições em primeiro lugar que era inútil pensarem que ele daria mais dinheiro. Depois queria que fosse dado conhecimento a Couceiro a a Álvaro Chagas e ainda que pretendia que as responsabilidades sobre o eventual empréstimo, fosse igualmente repartido pelos subscritores da rebelião monárquica.

  • Tentativa de insurreição monárquica no Porto

Tem lugar no Porto uma tentativa de insurreição monárquica, a 29 de Setembro de 1911, rapidamente subjugada, precedendo a primeira incursão monárquica de Outubro de 1911.

Esta insurreição ficou conhecida como do «Palácio de Cristal». Naquele edifício e seus jardins foi instalado o centro da resis­tência monárquica, tendo sido assaltados os Quartéis da Serra do Pilar e da Torre da Marca e ocupadas as pontes sobre o Douro.

Esta sublevação, que se estendeu, a Penafiel, Paredes, Santo Tirso e Felgueiras, acabaria por ser sufocada pelos carbonários e por tropas da guarnição da cidade.

Os cruzadores "S. Gabriel" e "Adamastor", que estavam ao largo, entraram na barra do Douro.

No dia 30 de Setembro, com a revolta já subjugada, são efectuadas cerca de 130 prisões, por alegada participação nesta conspiração monárquica: umas dezenas de sargentos, guardas de esquadras, guardas fiscais, paisanos e o reverendo António Maria da Silva Coelho, coadjutor de Paranhos, que são transportados para o Forte do Alto do Duque.