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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1909 (3ªParte)

  • O governo de Wenceslau de Lima
Que o novo governo de Sebastião Teles não iria ter longa vida, sabia mesmo antes de tomar posse. Logo que se iniciaram as sessões nas Câmaras voltou o alvoroço. O conflito que opusera Caeiro da Mata a Espregueira ainda não terminara, com a maioria que apoiava o governo a exigir explicações ao Regenerador Caeiro da Mata, que se recusava a da-las.

No entretanto mais duelos aconteceram, fazendo com que o alvoroço tomasse grandes proporções e durante 16 dias a Câmara não pode funcionar por falta de quorum e claramente Sebastião Teles não tinha condições para iniciar as suas funções.

de novo o Rei a tentar evitar a dissolução do Parlamento, porque já anteriormente a havia recusados , muito embora desta vez os tumultos tenham sido provocados pela maioria parlamentar.

A decisão a tomar provocou "atritos de opinião" entre o Rei e o velho líder Luciano de Castro, que se acusavam mutuamente de responsabilidade pelas sucessivas quedas de ministérios. Luciano de Castro pretendia a dissolução e o rei considerava um erro oferecer a dissolução ao governo quando este a não tinha pedido.

A opção do Rei pela formação dum governo extra partidário, acabou por vingar. Depois de consultadas várias personalidades, D.Manuel II acaba por nomear Wenseslau de Lima para constituir governo.

Em 14 de Maio o rei deu posse a um novo governo formado por políticos sem filiação partidária, mas que teria nas Câmaras o apoio do bloco regenerador-dissidente.

Foi então assim constituído o governo de Wenceslau de Lima (retirado daqui )

Presidente-Wenceslau de Lima que acumula o reino
  • ·Francisco José de Medeiros, magistrado, na justiça
  • ·Francisco de Paula Azeredo, filho do conde de Samodães, lente da politécnica do Porto e amigo pessoal de Wenceslau, na fazenda
  • ·General Elvas Cardeira na guerra
  • ·Comandante Manuel Terra Pereira Viana, lente da politécnica do Porto e amigo pessoal de Wenceslau, na marinha e ultramar
  • ·Coronel Carlos Roma do Bocage nos estrangeiros
  • ·Coronel Alfredo Barjona de Freitas, ex-governador de Cabo Verde, nas obras públicas
Este governo foi o primeiro formado fora da esfera de influência do Partido Progressista e do seu velho líder Luciano de Castro, para grande satisfação dos seu inimigos, ainda que os seus partidos não estivessem representados no governo.

O que o tramará não serão questões de natureza política, até conseguirá fazer aprovar um orçamento e outras medidas urgentes, mas de natureza religiosa como se verá.

  • Abril, 24 e 25-Congresso do Partido Republicano

Realizou-se em Setúbal, constatando-se o crescimento dos partidários que defendiam uma acção revolucionária, de tal forma que desse congresso saiu um novo Directório a quem foi confiado mandato para essa tarefa.
Os membros efectivos desse Directório foram Teófilo Braga, Basílio Teles, José Relvas, Eusébio Leão e Cupertino Ribeiro. a que foi adstrito um comité revolucionário formado por Afonso Costa, João Chagas, António José de Almeida, e Cândido dos Reis.
Neste congresso e pela primeira vez esteve representada uma organização feminina a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Acontecimentos no ano de 1909 (2ªParte)

  • Março,20-Inauguração do troço de caminhos de ferro entre Livração e Amarante

Em Março de 1905, os Caminhos de Ferro do Estado e a Companhia do Minho e Douro deram início á construção da linha na estação de Livração,

A controvérsia em relação ao traçado e o elevado número de empresas interessadas na sua construção atrasou o arranque das obras, pelo que as mesmas só se iniciaram em 1908.


A Linha do Tâmega foi inaugurada no seu troço inicial entre a estação de Livração e a estação de Amarante a 20 de Março de 1909.A composição do comboio inaugural era constituída por carruagens de 1ª e 3ª classes, um salão, um furgão e dois vagões de carga, rebocados por uma locomotiva a vapor Compound 410, tendo chegado à estação Amarante às 11 horas e 45 minutos.


  • Motins na região do vale do Douro
Registaram-se vários motins na nqaquela região vinícola, que se inseriram no contexto da crise no sector que se vinha acentuando desde o nício do século.
Crise que remontava ao século anterior, devido ao ataque do oídeo e da filoxera, fizera baixar os níveis de produção que ainda se ressentia neste início de século.

Como se pode observar, nestes telegrama noticiosos da época

Correio do Povo, 14 de janeiro de 1909.
Lisboa, 13 – Em Traz-os-Montes, reina grande agitação popular,
devido ao augmento de impostos decretado na ultima lei sobre
vinhos.

Correio do Povo, 26 de janeiro de 1909.
Lisboa, 24 – O commercio está sentindo as graves consequencias
dos boatos alarmistas, espalhados no extrangeiro, sobre a situação
de Portugal. Os jornaes desta capital dizem que os referidos boatos
obedecem a um plano de especulação financeira. O deputado
Rebello telegraphou a el-rei d. Manoel pedindo-lhe para acudir
aos operarios que se acham famintos, devido á crise vinicola
do Douro.

  • A queda do governo de Campos Henriques e a sucessão
Ainda o governo de Campos Henriques não se apresentara às câmaras e já o lider do partido Regenerador Teixeira de Sousa um médico termalista transmontano lhe declarara guerra, o que deixava adivinhar luta intensa depois da abertura do parlamento.

As previsões bateram certas como já atrás referi, quando relatei o episódio do duelo entre Espregueira e Caeiro da Mata que apenas reflectiam a habitual recusa da oposição, em aceitar as propostas do Ministro da Fazenda.

O tumulto era generalizado, com acusações de cisão partidária e de pedidos de inquèrito ao actos do ministério da Fazenda.

Campos Henriques constando a impossibilidade de governar solicita ao rei em 26 de Março a dissolução das Cortes ou a demissão do governo.

Consultados os partidos e analisando as soluções propostas D.Manuel optou por aceitar a demissão do governo, iniciando consultas para a nomeação dum novo presidente do conselho.

Tarefa absolutamente ingrata, para um rei já sem apoios, mas a tentar manter o rigoroso respeito constitucional, do qual havia jurado nunca se afastar.

A maioria parlamentar estava na mão de Luciano de Castro o velho lider Progressista em conjugação com os dissidents do Partido Regenerador e nessas circunstãncias foi possível a 10 de Abril, constituir um gabinete sob a presidência do progresista Sebastião Teles, com dois ministros regeneradores da facção Campos Henriques.

O novo governo não teria longa vida, preconizava-se a sua queda em breve, para alguns 15 dias, enganaram-se viria a durar 27 dias